quarta-feira, 25 de julho de 2012

Modelos de curvas fartas fazem sucesso no mercado

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Elidiane Luchetti, 33, diz que o melhor de tudo é poder ser modelo e comer uma suculenta picanha
Modelo tem de ser magérrima, muito alta e com cinturinha de pilão, certo? Certíssimo. No entanto, bem mais democráticas, as passarelas já cedem espaço também para as beldades GG, ou, como prefere o mundo fashion, as manequins plus size. Em Rio Preto, a cada dez profissionais escaladas para desfiles ou sessões de fotos, quatro são gordinhas. Mulheres de curvas fartas que, alguns anos atrás, nem entravam no casting das agências de modelos.

O motivo? O mercado de produtos, como roupas, sapatos, maguiagens e outros, se rende aos números. Segundo dados do Ministério da Saúde, quase metade da população (48%) pesa mais do que deveria. Por isso, agências de Rio Preto estão investindo nesse perfil. No entanto, para fazer parte dessa classe, não basta usar manequim entre 46 e 58. São fundamentais também um rosto fora do comum, bem cuidado e, claro, muita atitude, segundo o produtor de moda da agência André Pereira Models, Vinicios Xavier.

Para ele, as mulheres gordinhas, geralmente, são mais bonitas de rostos – que é o principal requisito. Além disso, não precisa ser tão alta, mas é necessário, no mínimo, 1,70m de altura. “Esse mercado vem crescendo muito e as agências estão procurando modelos plus sizes, porém, também é feita avaliação para ver se elas se encaixam no que queremos,” diz Xavier. Segundo o produtor, os trabalhos com as “fofinhas” já equivale a 40% do mercado dominado pelas magras.

Uma desbravadora desse mercado é a modelo Fluvia Lacerda, considerada a Gisele Bündchen das gordinhas. “A moda vive um momento de democracia e renovação. É preciso pensar nas roupas das mulheres acima do peso. Com o sucesso da Fluvia, que começou fazer campanha para várias grifes, o mundo da moda começou a pensar nesse perfil,” diz Xavier. O produtor de moda explica que é essencial cuidar da forma também, ou seja, nem pensar o efeito sanfona, ou seja, o emagrece-engorda-emagrece-engorda. “O objetivo é ficar da forma que foi contratada pela agência.”


Guilherme Baffi
Monise Della Latta sempre foi gordinha e nunca se imaginou modelo, até ser descoberta


Vanessa Cavalari, responsável por selecionar modelos para a agência Woga, de Rio Preto, diz que as campanhas publicitárias voltadas para esse público cresceu cerca de 70%. Por isso, a agência está sempre procurando mulheres com este perfil. A plus size Carol Marton, 18 anos, conta que procurou ser modelo depois que viu as fotos da Fluvia e por conta dos amigos que começaram a incentivá-la. “Sempre tive o sonho de ser modelo, mas por ser gordinha, não tinha como. Depois que Fluvia entrou no mercado, essa história mudou”, diz.

Carol pesa 86 quilos, porém na adolescência, chegou a pesar 126 quilos. Ela não se considera modelo, mas “representante de um grupo de mulheres que eram excluídas do padrão da sociedade, principalmente pela moda”. “Quando eu era criança, com 14 anos, não podia vestir roupas de meninas com essa mesma idade. Isso era muito triste.” Elidiane Luchetti, 33, outra plus size, diz que o mais gostoso de ser modelo gordinha é que ela não precisa deixar de comer uma picanha suculenta no fim de semana.

“A gente se preocupa com o corpo, mas não com tanta exigência. Eu só não posso engordar mais,” diz. Ela costuma comer muita salada e só bebe refrigerante light. Carol e Elidiane têm algo em comum. Elas não se aceitavam na adolescência e ficavam brigando com a balança para emagrecer. Mas hoje, trabalhando como modelos, elas se aceitam e acreditam que houve uma melhora para as mulheres considerados gordinhas.
Rubens Cardia
Carol Marton, de 18 anos, já chegou a pesar mais de 100 quilos e só ganhou coragem de realizar o sonho de ser modelo ao ser incentivada pelos amigos
Sobram vagas para as interessadas

André Pereira, 39 anos, sócio-proprietário da agência André Pereira Models defende que o mercado das gordinhas modelos ficou mais popular depois que começaram os casos de anorexia (disfunção alimentar caracterizada por uma rígida e insuficiente dieta alimentar) no Brasil, pois tornou-se uma preocupação para a saúde. “Os casos de bulimia acabaram virando polêmica e foi preciso uma conscientização das modelos, agências e todas as pessoas envolvidas com a moda, Isso ajudou a criar o nicho de modelos plus size,” diz.

Segundo Pereira, esse novo estilo é bacana, pois existem mulheres lindas que até pouco tempo atrás não tinham espaço dentro da moda. E não falta mercado de trabalho, segundo ele. “As agências internacionais estão procurando modelos plus sizes, e a minha agência também precisa desse perfil,” diz. E formaliza um convite. “Quem é gordinha, mas tem um rosto bonito e gosta da profissão de modelo, pode me procurar. Minha agência e o mercado estão sempre precisando.”

A modelo Monise Della Latta, 26 anos, disse que foi encontrada na rua por uma scouter (olheiro de agência) que a convidou para fazer um desfile para mulheres gordinhas. Ela topou na hora, e os trabalhos começaram a aparecer. Monise não passa um mês sem fazer algum trabalho.

Beto Zaguini, proprietário das Lojas Vik e Ele Grande, especializadas nessa moda, afirma que antes as pessoas obesas não tinham muitas opções para as roupas. Mas, as grandes fábricas começaram a pensar neste filão e estão criando peças de qualidade como sempre existiu nos tamanhos normais. “Além de ser roupas que estão na moda, os preços também são acessíveis, o que ajuda no crescimento da procura e venda,” diz.
Divulgação
Fluvia Lacerda: pioneira na área
As musas das gordinhas

No mundo artístico, as gordinhas também triunfam. A C&A, por exemplo, convidou a cantora Preta Gil para ser garota-propaganda. A rede de loja vai lançar uma linha inspirada nela. Os tamanhos vão de 46 a 56. Preta se tornou representante dessas mulheres. Fluvia Lacerda, a pioneira das gordinhas, já ganhou projeção internacional, mora nos Estados Unidos e já chegou a ganhar em média 20 mil dólares por semana.

A cantora Gaby Amarantos, que virou rainha do tecnobrega, e vem fazendo sucesso com a música “Ex Mai Love”, da novela Cheias de Charme, é outra musa das cheinhas. Gaby falou que é muito importante valorizar essa classe feminina que sempre foi oprimida pelas modelos da estética imposta pela sociedade. Em entrevista ao Diário, ela diz que a sensualidade da mulher não tem nada a ver com o estar acima do peso ou abaixo do peso.

“É um estado de espírito.Conheço muitas mulheres magras que não têm nada de sensualidade e outras, gordinhas, muito sexy.” Ela vivia entre dietas e tratamentos estéticos. “Eu era deprimida por ser gordinha. Passei uma fase sofrendo com a bulimia até que, a maternidade me trouxe novo sentido para a vida.”

A musa do tecnobrega condena o que classifica como o mercado da magreza, que precisa vender suas dietas milagrosas em revistas, além de remédios para emagrecer, livros de autoajuda e coisas do gênero. “Não tenho nada contra as magras, muito pelo contrário. Só não sou a favor de criar estereótipos, sou a favor das mulheres respeitarem o seu biotipo e serem felizes.”

Quer ler o jornal na íntegra? Acesse aqui o Diário da Região Digital

terça-feira, 17 de julho de 2012

Grifes investem pesado em roupas e lingeries plus size

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Duloren investe em lingeries GG Foto: Divulgação
Luiza Souto
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Elas já foram musas inspiradoras de grandes pintores e artistas plásticos há algumas décadas. Com o passar do tempo, viraram motivo de piada e sinônimo de descuido quando modelos super magras começaram a se destacar no mundo da moda. Hoje as gordinhas já não tremem tanto perto de uma calça 36 e estão, aos poucos, voltando a se sentirem poderosas.
De olho nesse público cada vez mais orgulhoso de suas curvas avantajadas, grifes famosas começaram a lançar coleções plus size. A Renner, por exemplo, criou, em 2010, um mix de peças exclusivas que vão do número 48 ao 54. Entre as 19 marcas da loja, três delas: a Blue Steel, Cortelle e Marfinno, renovam a cada estação uma coleção diferente e inspiradora, com diversos modelos de calças, vestidos, jeans e blusas.


Vestido Plus Size em viscolycra da Renner por R$ 99,90
Vestido Plus Size em viscolycra da Renner por R$ 99,90 Foto: Divulgação
A Leader Magazine também dedica parte de sua coleção para quem está acima do peso. A loja, que está com descontos de até 70%, oferece de blusas a vestidos de estampa que imita cobra, dentro da seção T-Plus. Tem ainda as saias longas, que fizeram grande sucesso no verão e ainda são muito procuradas neste inverno, com tonalidades escuras e tecidos mais quentinhos.

Blusa plus size em viscolycra da Renner por R$ 59,90
Blusa plus size em viscolycra da Renner por R$ 59,90 Foto: Divulgação

Para não ficar pra trás, a C&A lançou, recentemente, a coleção Special For You, e ainda trouxe a cantora Preta Gil como sua garota-propaganda. No próximo dia 19 a loja disponibilizará 35 peças com numeração do 46 ao 56, com variedade de estampas e texturas, como animal prints, muitos paetês, franjas e metalizados. Os preços vão variar de R$ 29,90 a R$ 99.
Quem gosta de investir em lingerie também não tem do que reclamar. Desde 2011, a Duloren oferece peças íntimas para todos os tamanhos. Hoje o vestuário extra grande e os modeladores já respondem por 55% da carteira da marca. São cerca de 30 coleções com tamanhos que vão até o GG (calcinha) e 54 (sutiã).

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Depoimentos dos entrevistados da reportagem "A ascensão da classe GG"

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Cléo Fernandes, Gaby Amarantos, Leandro Hassum e Preta Gil falam sobre saúde, vaidade, preconceito e outros aspectos dessa mudança na forma como os gordinhos se veem e são vistos

Cléo Fernandes (Foto: Stefano Martini/ÉPOCA, Tomás Rangel/ÉPOCA e Sendi Morais/ÉPOCA. Produção: Felipe Monteiro e Jairo Billafranca para Studio Bee Produções)
“Atualmente não passo mais de cinco dias sem receber alguma proposta de trabalho para estrelar campanhas de produtos para pessoas acima do peso. Nem sempre o excesso de peso foi uma vantagem na minha vida. Comecei a engordar aos nove anos, quando desenvolvi uma compulsão alimentar. Sempre fui ansiosa. Descontava na comida essa ansiedade. Nunca sofri bullying na escola, mas sempre alguém me dizia: “Tem um rosto tão bonito, se perdesse alguns quilos...”. De tanto ouvir que precisa emagrecer para ser bonita, acabei me convencendo disso. Aos 12 anos, comecei a sofrer de bulimia (transtorno caracterizado pela prática de provocar vômitos após as refeições). Tinha 68 quilos, um peso normal para minha altura, mas não conseguia enxergar isso. Me olhava no espelho e me achava gorda. Não conseguia me enxergar como eu realmente era. Comecei a achar que não poderia dividir o banco de um ônibus com alguém. Tive depressão. Percebi que precisava de ajuda quando comecei a ter dores no esôfago e refluxo de tanto vomitar. Com a ajuda de um psiquiatra e de remédios para controlar a ansiedade, consegui me curar da bulimia. Mas ainda acreditava que precisava emagrecer para ser bonita. As coisas começaram a mudar quando minha mãe me incentivou a procurar trabalhos como modelo plus size. Num primeiro momento recusei a ideia, mas passei a pesquisar sobre esse universo. Um mundo novo se abriu para mim. Vi que existiam outras meninas como eu, e que eram bonitas com o corpo que tinham. Procurei uma agência. Não demorou para os trabalhos começarem a aparecer. Sou formada em Educação Física, mas deixei a profissão de lado para me dedicar somente aos trabalhos como modelo. Minha vaidade foi aumentando. Descobri que era possível me vestir bem, mesmo com o meu peso. Hoje me aceito do jeito que sou, mas tenho consciência dos riscos que a obesidade traz. Faço exames de sangue periodicamente e exercícios físicos. Até hoje não tive problemas de saúde relacionados com o excesso de peso. O aumento de marcas e de lojas voltadas para o público acima do peso é uma dupla vantagem para mim: além de conseguir mais trabalhos, também usufruo desse novo mercado como consumidora. Entrar em uma loja comum, que não seja especializada em gordinhos, e achar uma blusa bonita e que sirva, pode mudar a vida de uma pessoa. Viver em uma sociedade que não tem espaço para você é muito doloroso”.

Como se vestir bem: Roupas que marcam a cintura valorizam as curvas. Chame a atenção para o colo, com decotes em “V” ou quadrados. As botas de cano alto devem ser larguinhas na batata da perna e, de preferência, de bico fino para alongar.
Trecho da reportagem O triunfo dos gordinhos


Gaby Amarantos (Foto: Stefano Martini/ÉPOCA, Tomás Rangel/ÉPOCA e Sendi Morais/ÉPOCA. Produção: Felipe Monteiro e Jairo Billafranca para Studio Bee Produções)


“Uma vez o agente de uma banda me disse: “Você é talentosa, mas precisa emagrecer. Faça um regime e volte aqui depois”. Tinha 98 quilos e fiz várias dietas malucas. Queria me enquadrar no padrão de beleza que uma vocalista de banda supostamente deveria ter. Passei algumas semanas tomando um cálice de vinagre em jejum. Não perdi peso nenhum e tive uma gastrite. Numa outra vez, fiquei dias sem beber água. Acabei desidratada e desiludida. Fiz uma lipoaspiração sem ter noção do que era o pós-operatório. Quando abri os olhos no dia seguinte, meu corpo inteiro doía. Foi horrível. Pouco tempo depois, a gordura estava de volta. Só a orientação de um endocrinologista e uma reeducação alimentar fizeram efeito. Perdi 35 quilos. Voltei a engordar durante a gravidez do meu filho Davi. Nos últimos três anos perdi 27 quilos, mas a maternidade me fez mudar completamente a relação que tinha com meu corpo. Depois que o Davi nasceu, passei a me aceitar mais. Hoje consigo me achar bonita com os meus 76 quilos. Sigo uma dieta apenas para manter esse peso. Durante a semana, procuro seguir uma alimentação equilibrada e fazer exercícios. A partir de sexta-feira à noite, como o que quiser. Fritura, doce, o que tiver vontade. As mulheres me param na rua para dizer que, graças a mim, agora também se acham bonitas. Há tempos não se via uma mulher com corpo normal fazer sucesso. De alguma forma acho que essas pessoas vêem em mim que para ser alguém não é preciso ser loira, alta e magra”.

Como se vestir bem: Use roupas que valorizem as formas avantajadas. Um jeans justinho para valorizar o bumbum; vestidos soltinhos, mas curtos, para mostrar as pernas grossas. Para quem tem peito grande, os decotes em “V” são ótimos.


Leandro Hassum (Foto: Fotos: Stefano Martini/ÉPOCA, Tomás Rangel/ÉPOCA e Sendi Morais/ÉPOCA. Produção: Felipe Monteiro e Jairo Billafranca para Studio Bee Produções)

“Ser gordo me obrigou a ser simpático e romântico"
Leandro Hassum, humorista do Programa
Os Cara de Pau
“Comecei a engordar aos 12 anos, no início na adolescência. Os colegas de escola não perdoavam a diferença. Não demorou para os apelidos e grosserias começarem a aparecer. No começo, eu reagia com violência. Batia nos meninos. Preferia ser o gordinho que todo mundo tinha medo a ser o gordinho zoado. Com o tempo, desenvolvi traquejo e artimanhas para lidar com os colegas. O humor foi a maneira que encontrei para me defender. Comecei a fazer piada de mim mesmo. Deu certo. Enxergo algumas vantagens no excesso de peso. Ele me fez desenvolver várias características que me ajudam, como a simpatia e o romantismo. É claro que também existe o lado ruim. A dificuldade em se vestir é uma das desvantagens. Sou vaidoso, sempre gostei de estar na moda, mas só consegui me vestir bem quando comecei a ganhar dinheiro suficiente. Hoje posso mandar fazer um terno Ricardo Almeida sob medida, mas antigamente era impossível encontrar roupas bacanas por um preço acessível. O “G” de algumas marcas equivale a um “P”. É ridículo. Achei sensacional a ideia da C&A de colocar a Preta Gil como garota propaganda. Isso é real. Quantas mulheres como a Preta você vê nas ruas? E quantas como a Gisele Bündchen? Já era hora de o mercado atender as pessoas reais. Não tenho nenhum problema de saúde, mas estou fazendo uma dieta. Minha meta é chegar aos 115 quilos. Preciso de agilidade no palco. Se perder um pouco de peso será mais fácil. Estou chegando aos 40. Preciso me cuidar. No início da carreira, ouvi várias vezes que para conseguir papéis era preciso emagrecer. Nunca segui esses conselhos. Cheguei a perder alguns personagens por causa do meu corpo, mas no teatro sempre tem trabalho para todos os biótipos. Resolvi apostar no meu estilo gordinho. Deu certo. Aprendi a conviver com o próprio corpo da maneira que é. Sempre me aceitei assim. Ser gordo nunca foi um grande problema, um sofrimento. Se você sofre por causa disso, emagreça.”

Como se vestir bem: Dê preferência às roupas escuras. Jamais use listas horizontais. Use roupas do tamanho certo. É uma ilusão achar que roupas largas disfarçam o excesso de peso. Ao contrário, elas dão mais volume. O mesmo vale para as barras das calças e as mangas: sempre devem ser do tamanho certo.



Preta Gil (Foto: Fotos: Stefano Martini/ÉPOCA, Tomás Rangel/ÉPOCA e Sendi Morais/ÉPOCA. Produção: Felipe Monteiro e Jairo Billafranca para Studio Bee Produções)

Meu pai e a mulher dele são obcecados por magreza. Sempre me cobraram demais"
Preta Gil, cantora
“Cansei de ser maltratada pelas vendedoras antes de virar cantora. Sempre percebia um olhar preconceituoso. A expressão delas me dizia: “aqui não é o seu lugar”. Em 2008, depois de ter levado um “caixote” no mar de Ipanema, fui fotografada pelos paparazzi. Num programa de TV fui chamada de “baleia” e de “porca”. Entrei na Justiça e ganhei uma indenização de R$ 100 mil. A sentença do juiz foi belíssima. Ele enalteceu as formas fartas da mulher brasileira, em oposição ao padrão das modelos de passarela. Aquela foi a primeira vez que tive problemas reais de autoestima, mas a Justiça me fez renascer. No passado, tomei moderadores de apetite e emagreci 30 quilos. Fiquei flácida e resolvei fazer uma recauchutagem geral: plástica na barriga, lipoaspiração na cintura e silicone para levantar os seios. Foi uma mutilação que hoje vejo como equivocada. Os remédios me deixaram deprimida. Meus problemas estavam em outro lugar, não no corpo. Eu queria ser artista e não tinha coragem de tentar. Quando decidi ser cantora, parei com os moderadores e fiz uma reeducação alimentar. Hoje uso manequim 46 e me sinto bem resolvida. Vou apresentar alguns episódios do programa Superbonita, no canal GNT. Foi uma ótima surpresa saber que nós, gordinhas, estamos incluídas no universo da beleza. Não faço apologia da obesidade. Há limites de saúde que precisam ser respeitados. Estou reduzindo a gordura para equilibrar o colesterol. Paranóica e infeliz não serei nunca mais. Sinto-me bonita e nunca me faltou namorado. A coleção da C&A foi feita a partir de roupas que costumo usar. Gosto de vestido justo, decote e perna de fora. Tem até oncinha, que eu adoro. O mais importante de tudo é ter estilo e atitude. O maior desafio do nosso tempo é não cair na armadilha do padrão. É aceitar e querer ser diferente. Não perco jamais minha vaidade e não acredito, de forma alguma, que alguém de 55 quilos é melhor que eu só porque é magra. Muitas vezes precisei me impor, inclusive na minha família. Meu pai e a mulher dele, Flora, são obcecados por magreza. Vivem de regime, se controlando. Sempre me cobraram demais. Hoje eu corto logo. E agora ainda brinco que não posso emagrecer por questões contratuais”.

Como se vestir bem: Capriche no decote. Colo de gordinha quase sempre é bonito. Vestido do tipo cashequer, tipo envelope, transpassado na cintura, valoriza a silhueta e é ajustado de acordo com cada corpo. Outra boa opção é o vestido kafta, com manga tipo morcego e justo na cintura. E saia curta sempre que for adequado. Sofrer, jamais. Se a roupa estiver apertada, troque por um número maior.

O triunfo dos gordinhos

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Eles já são maioria em várias capitais. De discriminados, passaram a valorizados – pelo mercado e pela cultura pop

Cléo Fernandes (Foto: Stefano Martini/ÉPOCA, Tomás Rangel/ÉPOCA e Sendi Morais/ÉPOCA. Produção: Felipe Monteiro e Jairo Billafranca para Studio Bee Produções)


O Brasil é um país exibido. Nas praias e nas ruas, a exposição generosa de pernas, tórax, bíceps e bumbuns é previsível como o sol quase diário num país tropical. Nos últimos anos, os contornos ganharam volume. Somos hoje uma nação de gente cheinha – ou redonda, ou gorda, o adjetivo depende do observador. Quase metade da população (48%) pesa mais do que deveria. Os gordinhos já são maioria (52%) na população masculina. Em várias capitais, o excesso de peso é a regra entre os moradores de ambos os sexos. É o caso de Porto Alegre (55%), Fortaleza (53%), Cuiabá (51%) e Manaus (51%). Apenas o Sudeste não tem nenhuma capital que tenha alcançado esse nível, mas o Rio de Janeiro está quase lá (49%).
Esse novo cenário do Brasil – agora, além de país mestiço, também um país roliço – inspira uma mudança cultural. Antes desprezados, os gordinhos passaram a ser valorizados. Alguns indícios.

• A convicção de que existe beleza gorda tornou possível a criação de um concurso disputado por mulheres que inspirariam qualquer pintor renascentista. A atual Miss Brasil Plus Size pesa 98 quilos – e, como é possível observar na foto de abertura desta reportagem, é linda.

• A C&A convidou a cantora Preta Gil para ser garota-propaganda. Em julho, a rede de lojas lança uma linha inspirada nela. Os tamanhos vão de 46 a 56. De gordinha excêntrica, Preta se tornou representante de um tipo genuinamente brasileiro. Outras grifes vêm lançando uma variedade sem precedentes de produtos para o público GG (leia os quadros ao longo desta reportagem).

• No mundo da cultura pop, os gordinhos também triunfam. É o caso da rainha do tecnobrega, a paraense Gaby Amarantos (1,66 metro e 76 quilos). E também do ator Tiago Abravanel, que brilhou nos palcos como o cantor Tim Maia. Ele será um dos destaques da próxima novela das 9 da TV Globo, Salve Jorge, na pele de Demir, um sedutor irresistível.
No mundo do design, hoje é possível encontrar cadeiras de escritório nas versões P, M e G, assim como mouses de computador ideais para mãos gordinhas. Encontrar anéis e alianças em numerações maiores deixou de ser um problema. A maioria das joalherias pensa nisso e oferece soluções.
Capa da revista Época - edição 737 (Foto: divulgação)
As brasileiras aprenderam a valorizar o padrão de beleza da mulher real. Essa tendência foi captada pelo Instituto Data Popular, especializado em pesquisa e consultoria em estratégias de negócio. ÉPOCA publica em primeira mão, na edição da revista que chega às bancas e ao seu tablet (baixe o aplicativo) neste fim de semana, os dados dessa pesquisa. Foram entrevistadas 15 mil mulheres acima de 16 anos, de todas as classes sociais. As voluntárias receberam fotos de três mulheres famosas (sem identificação do rosto), vestidas apenas de lingerie. Na página de ÉPOCA no Facebook e no Google+, você pode ver essas fotos e também opinar: qual o corpo mais atraente? Qual o deles você gostaria de ter? Para 72%, o corpo mais atraente era o mais curvilíneo. A maioria (59%) gostaria de ter aquela silhueta. “O padrão de beleza deixou de ser o das passarelas. Ele é considerado pelas mulheres, e até pelos homens, pouco atraente, nada sensual e até feio”, diz Renato Meirelles, sócio diretor do Instituto Data Popular.

Capa da ÉPOCA desta semana: o triunfo dos gordinhos

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A foto de capa desta edição foi feito por Renato Stockler.
A modelo da capa é a Cléo Fernandes, eleita miss Brasil plus size.
O que eu queria para a capa foi mais fácil do que eu imaginava. Uma foto de alto astral, sorriso e beleza. A Cléo que já está acostumada com fotos, fez tudo direitinho, só tive o trabalho de escolher a foto e mudar a cor do fundo.



Esta é a foto com a cor original

Esta foi a capa escolhida com a cor do fundo modificada
Marcos Marques – diretor de arte

Quanto mais curva melhor


Esta pesquisa que recebemos nesta semana do Instituto Data Popular, realizada no primeiro trimestre com 15 mil mulheres de todo o Brasil, confirmou o que a reportagem de capa revelou: o gosto das mulheres brasileiras está cada vez mais próximo das preferências masculinas. O brasileiro gosta mesmo é das curvas. Acima, como foi feita a votação (clique na imagem para ampliá-la), sem que a entrevistada soubesse de que celebridade era o corpo. Abaixo, as famosas. Na nossa página no Facebook ou no Google+, confira qual a opinião dos nossos leitores sobre as mesmas fotos.
Leia um trecho da reportagem de capa