quarta-feira, 25 de julho de 2012

Modelos de curvas fartas fazem sucesso no mercado

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Elidiane Luchetti, 33, diz que o melhor de tudo é poder ser modelo e comer uma suculenta picanha
Modelo tem de ser magérrima, muito alta e com cinturinha de pilão, certo? Certíssimo. No entanto, bem mais democráticas, as passarelas já cedem espaço também para as beldades GG, ou, como prefere o mundo fashion, as manequins plus size. Em Rio Preto, a cada dez profissionais escaladas para desfiles ou sessões de fotos, quatro são gordinhas. Mulheres de curvas fartas que, alguns anos atrás, nem entravam no casting das agências de modelos.

O motivo? O mercado de produtos, como roupas, sapatos, maguiagens e outros, se rende aos números. Segundo dados do Ministério da Saúde, quase metade da população (48%) pesa mais do que deveria. Por isso, agências de Rio Preto estão investindo nesse perfil. No entanto, para fazer parte dessa classe, não basta usar manequim entre 46 e 58. São fundamentais também um rosto fora do comum, bem cuidado e, claro, muita atitude, segundo o produtor de moda da agência André Pereira Models, Vinicios Xavier.

Para ele, as mulheres gordinhas, geralmente, são mais bonitas de rostos – que é o principal requisito. Além disso, não precisa ser tão alta, mas é necessário, no mínimo, 1,70m de altura. “Esse mercado vem crescendo muito e as agências estão procurando modelos plus sizes, porém, também é feita avaliação para ver se elas se encaixam no que queremos,” diz Xavier. Segundo o produtor, os trabalhos com as “fofinhas” já equivale a 40% do mercado dominado pelas magras.

Uma desbravadora desse mercado é a modelo Fluvia Lacerda, considerada a Gisele Bündchen das gordinhas. “A moda vive um momento de democracia e renovação. É preciso pensar nas roupas das mulheres acima do peso. Com o sucesso da Fluvia, que começou fazer campanha para várias grifes, o mundo da moda começou a pensar nesse perfil,” diz Xavier. O produtor de moda explica que é essencial cuidar da forma também, ou seja, nem pensar o efeito sanfona, ou seja, o emagrece-engorda-emagrece-engorda. “O objetivo é ficar da forma que foi contratada pela agência.”


Guilherme Baffi
Monise Della Latta sempre foi gordinha e nunca se imaginou modelo, até ser descoberta


Vanessa Cavalari, responsável por selecionar modelos para a agência Woga, de Rio Preto, diz que as campanhas publicitárias voltadas para esse público cresceu cerca de 70%. Por isso, a agência está sempre procurando mulheres com este perfil. A plus size Carol Marton, 18 anos, conta que procurou ser modelo depois que viu as fotos da Fluvia e por conta dos amigos que começaram a incentivá-la. “Sempre tive o sonho de ser modelo, mas por ser gordinha, não tinha como. Depois que Fluvia entrou no mercado, essa história mudou”, diz.

Carol pesa 86 quilos, porém na adolescência, chegou a pesar 126 quilos. Ela não se considera modelo, mas “representante de um grupo de mulheres que eram excluídas do padrão da sociedade, principalmente pela moda”. “Quando eu era criança, com 14 anos, não podia vestir roupas de meninas com essa mesma idade. Isso era muito triste.” Elidiane Luchetti, 33, outra plus size, diz que o mais gostoso de ser modelo gordinha é que ela não precisa deixar de comer uma picanha suculenta no fim de semana.

“A gente se preocupa com o corpo, mas não com tanta exigência. Eu só não posso engordar mais,” diz. Ela costuma comer muita salada e só bebe refrigerante light. Carol e Elidiane têm algo em comum. Elas não se aceitavam na adolescência e ficavam brigando com a balança para emagrecer. Mas hoje, trabalhando como modelos, elas se aceitam e acreditam que houve uma melhora para as mulheres considerados gordinhas.
Rubens Cardia
Carol Marton, de 18 anos, já chegou a pesar mais de 100 quilos e só ganhou coragem de realizar o sonho de ser modelo ao ser incentivada pelos amigos
Sobram vagas para as interessadas

André Pereira, 39 anos, sócio-proprietário da agência André Pereira Models defende que o mercado das gordinhas modelos ficou mais popular depois que começaram os casos de anorexia (disfunção alimentar caracterizada por uma rígida e insuficiente dieta alimentar) no Brasil, pois tornou-se uma preocupação para a saúde. “Os casos de bulimia acabaram virando polêmica e foi preciso uma conscientização das modelos, agências e todas as pessoas envolvidas com a moda, Isso ajudou a criar o nicho de modelos plus size,” diz.

Segundo Pereira, esse novo estilo é bacana, pois existem mulheres lindas que até pouco tempo atrás não tinham espaço dentro da moda. E não falta mercado de trabalho, segundo ele. “As agências internacionais estão procurando modelos plus sizes, e a minha agência também precisa desse perfil,” diz. E formaliza um convite. “Quem é gordinha, mas tem um rosto bonito e gosta da profissão de modelo, pode me procurar. Minha agência e o mercado estão sempre precisando.”

A modelo Monise Della Latta, 26 anos, disse que foi encontrada na rua por uma scouter (olheiro de agência) que a convidou para fazer um desfile para mulheres gordinhas. Ela topou na hora, e os trabalhos começaram a aparecer. Monise não passa um mês sem fazer algum trabalho.

Beto Zaguini, proprietário das Lojas Vik e Ele Grande, especializadas nessa moda, afirma que antes as pessoas obesas não tinham muitas opções para as roupas. Mas, as grandes fábricas começaram a pensar neste filão e estão criando peças de qualidade como sempre existiu nos tamanhos normais. “Além de ser roupas que estão na moda, os preços também são acessíveis, o que ajuda no crescimento da procura e venda,” diz.
Divulgação
Fluvia Lacerda: pioneira na área
As musas das gordinhas

No mundo artístico, as gordinhas também triunfam. A C&A, por exemplo, convidou a cantora Preta Gil para ser garota-propaganda. A rede de loja vai lançar uma linha inspirada nela. Os tamanhos vão de 46 a 56. Preta se tornou representante dessas mulheres. Fluvia Lacerda, a pioneira das gordinhas, já ganhou projeção internacional, mora nos Estados Unidos e já chegou a ganhar em média 20 mil dólares por semana.

A cantora Gaby Amarantos, que virou rainha do tecnobrega, e vem fazendo sucesso com a música “Ex Mai Love”, da novela Cheias de Charme, é outra musa das cheinhas. Gaby falou que é muito importante valorizar essa classe feminina que sempre foi oprimida pelas modelos da estética imposta pela sociedade. Em entrevista ao Diário, ela diz que a sensualidade da mulher não tem nada a ver com o estar acima do peso ou abaixo do peso.

“É um estado de espírito.Conheço muitas mulheres magras que não têm nada de sensualidade e outras, gordinhas, muito sexy.” Ela vivia entre dietas e tratamentos estéticos. “Eu era deprimida por ser gordinha. Passei uma fase sofrendo com a bulimia até que, a maternidade me trouxe novo sentido para a vida.”

A musa do tecnobrega condena o que classifica como o mercado da magreza, que precisa vender suas dietas milagrosas em revistas, além de remédios para emagrecer, livros de autoajuda e coisas do gênero. “Não tenho nada contra as magras, muito pelo contrário. Só não sou a favor de criar estereótipos, sou a favor das mulheres respeitarem o seu biotipo e serem felizes.”

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